Trilho dos Pescadores – O desafio de caminhar a Rota Vicentina

rota dos pescadores - costa vicentina

O Trilho dos Pescadores é um dos trilhos costeiros mais bonitos do  Mundo, precisamente por ficar numa das costas mais bonitas do Mundo – Costa Vicentina.

Totalmente localizado no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, o Trilho dos Pescadores, cruza com vários outros trilhos existentes. Por isso deves estar atento à sinalética, que neste caso é verde e azul.

trilho dos pescadores

Assim, as escarpas, o vento fresco do Atlântico e a areia são os fieis companheiros para quem se atreve a realizar este desafiante, mas imensamente recompensador, trilho.

Irás seguir os caminhos antigos de acesso às praias e aos pesqueiros e é para fazer exclusivamente a pé, que podes dividir em 13 etapas.

Então, estás curioso para saber mais?

 

Sines – Porto Covo

Desde já te informamos que podes iniciar o trilho em Sines ou então poupar uns bons Km’s e iniciar em S. Torpes.

Assim, saindo de S. Torpes, serão apenas 10 km até Porto Covo.

Nesse sentido, esta etapa é ,então, a mais curta de todo o trilho, mas, nem por isso, deixa de ser magnifica. Deixa para trás a “industrialização” e embrenha-te devagarinho no fabuloso Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.

Pelo caminho poderás ter a sorte de ver uma das tradições mais antigas desta região – a cura do polvo e da moreia – como se de roupa a secar se tratasse.

Aprecia esta arte secular que se desenvolveu por necessidade de preservar o pescado em alturas de maior abundância para garantir alimento para épocas menos abundantes.

Contudo e caso tenhas tempo não percas a oportunidade de, ainda antes de iniciares a caminhadas, dares um mergulho na Praia de S. Torpes.

Praia de S Torpes - Costa vicentina

Porto Covo – Vila Nova de Mil Fontes

Aproveitando a noite anterior para explorar a pitoresca aldeia de Porto Covo, é hora de fazer pés ao caminho para uma etapa algo desafiante devido à sua extensão (20 km) e piso (é sempre em areia). Porém, é o trilho das praias mais famosas desta região como as praias da ilha do Pessegueiro, do Malhão e Aivados.

A diversidade de praias que se encontra nesta etapa é o que a torna mais especial. Vais até encontrar praias com bicas de água doce (vinda da serra) que dão, então, o nome a Vila Nova de Mil Fontes.

 

Vila Nova de Mil Fontes - Rota Vicentina

Vila Nova de Mil Fontes – Almograve

Em seguida, atravessando o Rio Mira, a aventura continua por mais 16 km até Almograve.

Após atravessares a ponte (que se quiseres poupar um bocado as pernas, podes atravessar o rio de barco) chegas a uma das praias mais bonitas de Portugal – a Praia das Furnas.

Nesta etapa, para além de toda a beleza natural, podes também observar os Andorinhões que, dependendo da época, se podem encontrar em grande azafama, fazendo os seus ninhos ou alimentando as suas crias.

 

Almograve - Rota Vicentina

Almograve – Zambujeira do Mar

O Trilho dos Pescadores segue caminho, agora, até à famosa Zambujeira do Mar. Ou seja, paisagens de cortar a respiração.

Nesta etapa, de 22 km, vais encontrar praias selvagens, dunas pintadas a vermelho, falésias enormes e portos de pesca artesanais.

Apesar de longa, é desta etapa que as pessoas geralmente mais gostam, pois, de facto oferece muita diversidade de paisagens e convivências com gentes locais.

Sensivelmente a meio do caminho encontrarás o Cabo Sardão – o ponto mais ocidental da costa alentejana.

Procura também pelo habitante local mais famoso – a cegonha.

zambujeira do mar - Costa vicentina

 

Zambujeira do Mar – Odeceixe

Entre as duas vilas mais conhecidas da Costa Vicentina, existem algumas das praias mais bonitas do País. Assim não é de admirar que esta etapa se torne também numa das tuas favoritas.

Contudo, a Natureza não faz nada por acaso, e por isso o mais belo costuma também ser o mais difícil de alcançar. Esta etapa não é exceção. Com uma extensão de 18.5 km de acentuadas subidas e descidas, o melhor é preparar bem a hora de início para não fazer o trilho com pressa.

Assim, os primeiros 10 km reservam-te algumas das praias mais belas, mas também menos conhecidas. Entre Zambujeira do Mar e Azenhas do Mar, os destaques são as praias dos Alteirinhos, Carvalhal, Machados e Amália.

Azenhas do Mar, típica vila piscatória, merece com certeza uma pausa para o almoço, convivendo com as pessoas locais.

O percurso termina da majestosa vista da praia da Odeceixe do miradouro de Ponta em Branco. Daqui são mais 4km até à Vila de Odeceixe.

E assim despedimo-nos do Alentejo entrando no Algarve.

Odeceixe - rota dos pescadores

Odeceixe – Aljezur

Para iniciar mais um dia de caminhadas, temos de regressar à praia de Odeceixe. Porém, antes de pôr pés a caminho não te esqueças de visitar o moinho de Odemira, um dos poucos ainda em funcionamento e que podes visitar.

Nesta etapa o caminho segue mais pelo interior, trocando as escarpas e falésias por uma paisagem campal ao longo de 22.5 km

Até Rogil terás a companhia um canal de rega.

Chegados a Rogil ( mais ou menos a meio do caminho) podes optar por comer algo  num dos restaurantes locais.

A partir daqui, o Trilho dos Pescadores coincide totalmente com o Caminho Histórico, dando origem a uma nova sinalética – deves deixar de seguir a sinalética verde e azul e passar a seguir a vermelha e branca.

De Rogil a Aljezur é um “tirinho” e assim que chegares, o Trilho irá levar-te pelas ruas da vila até ao seu magnífico castelo (um dos que figura na nossa bandeira).

Ainda assim, se as pernas ainda permitirem, não percas a oportunidade de subir à torre e teres vistas deslumbrantes sobre a Serra de Monchique.

castelo de Aljezur - trilho dos pescadores

Aljezur – Arrifana

De Aljezur rumamos novamente em direcção à costa. Contudo, se as pernas já começam a dar de si, podes sempre apanhar um táxi até à praia da Amoreira e iniciar o caminho a partir daí, voltando a seguir a sinalética do Trilho dos Pescadores.

Nesta etapa de 18 km, para além da belíssima praia da Amoreira, vais ainda passar pela praia Monte do Clérigo e pela mítica Ponta da Atalaia, onde encontrarás as ruínas do Ribat da Arrifana – o único Convento-Fortaleza conhecido em Portugal.

O trilho segue em direcção a Arrifana, onde somos, novamente, brindados com uma praia de cortar a respiração.

praia da arrifana - trilho dos pescadores

 

Arrifana – Carrapateira

Nesta etapa encontram-se algumas das falésias mais altas de todo o trilho, que podem atingir os 100 metros de altura.

Por isso, esta é uma das etapas mais exigentes de todo o trilho, não só pela distância ( 20km) mas também porque tem algumas subidas e descidas extremamente acentuadas.

O início do trilho é ainda feito junta à costa até chegarmos à Praia do Canal (foto) e ficarmos (mais uma vez ) maravilhados com as belíssimas escarpas.

A partir daqui o Trilho segue para o interior até chegar à novamente à costa, mais propriamente à Praia da Bordeira.

Chegados a esta magnifica e longa praia, tens a hipótese de descer e atravessar o areal até ao outro lado, poupando alguns Km’s.

Se prefeires evitar a areia, podes seguir o trilho pelo interior, até chegares à Ribeira da Bordeira. Contornando a ribeira, segues por mais um par de km’s até chegares a  Carrapateira.

 

praia do canal - trilho dos pescadores

 

Carrapateira – Vila do Bispo

Nesta etapa trocarás as paisagens costeiras, pelas serranas. Pastos infindáveis, onde a probabilidade de encontrares algum rebanho é quase certa.

Porém, no início desta etapa de 16km, ainda percorrerás parte da costa, com as suas sempre surpreendentes escarpas e praias.

Chegados à Praia da Murração (foto), o trilho segue para o interior, trocando assim as paisagens costeiras pelas paisagens rurais e serranas de um Alagarve pouco conhecido.

No planalto que nos até Vila do Bispo trás encontrar é  o Barranco da Pena Furada, uma linha de água escavada no xisto, que desagua numa pequena e encantadora praia, com o mesmo nome. Trata-se de um pequeno areal, numa enseada virada a noroeste, com interessantes formas esculpidas nas rochas pela erosão marinha.

 

praia da murração - trilho dos pescadores

Vila do Bispo – Sagres

Nesta etapa caminhamos a passos largos para o ponto que muitos de nós chamamos o fim de Portugal – a ponta de Sagres.

Contudo, esta etapa reserva muito mais que apenas paisagens escarpadas. Iniciamos o trilho (20 km) ainda em paisagens rurais, rumando rapidamente à costa até chegarmos à Praia do Telheiro.

O grande inimigo aqui será o vento costeiro, tão bem característico desta região.

Assim, o trilho segue por encostas escarpadas até avistarmos o magnífico farol do Cabo de S. Vicente.

De seguida, continuamos em direcção a Sagres não sem antes passarmos pelo Forte de Santo Antonio de Beliche com a sua pequena praia, como também pela praia naturalista de Beliche.

Chegados a Sagres, não percas a oportunidade de visitar a fortaleza e sentires o vento e a força das ondas no “fim de Portugal”

 

Farol de Sagres - trilho dos pescadores

Sagres – Salema

Entramos então em pleno Barlavento Algarvio, uma das costas mais bonitas e apetecíveis dos turistas em Portugal.

Partindo de Sagres, o Trilho dos Pescadores segue pela etapa mais dura de todo o Trilho dos Pescadores, pois são 20 km de muitas subidas e descidas, sempre brindados pelas magníficas falésias recortadas que são cartão postal de Portugal em todo o Mundo.

As magníficas praias do Martinhal, Barranco (na foto) , Ingrina, Zavial, Furnas, Figueira são apenas alguns dos pontos que fazem esta etapa tão difícil. Ainda assim vale muito a pena todo o esforço.

Por isso, aproveita este trilho para usufruir do mesmo e não percas a oportunidade de te refrescares nas inúmeras praias quando tiveres oportunidade.

praia do barranco - trilho dos pescadores

 

Salema – Luz

Nesta que é a última etapa dentro do Parque Natural, o trilho passa por um dos pontos turísticos mais famosos da região. Porém, ainda bastante desconhecido do grande público.

Falamos obviamente daquela que é apelidada de “Santorini Portuguesa” – a Aldeia de Burgau.

Uma pequena aldeia construida sobre a escarpa, com a areia a bater nos seus “pés”.

Aproveita para deambular pelas ruelas e experimentar as delícias locais.

Praias, fortes e até ruínas romanas serão os teus companheiros nesta etapa de apenas 12 km.

Burgau - Trilho dos pescadores

Luz – Lagos

A última etapa de apenas 11km leva-nos em direcção a uma das mais importantes e belas cidades de Portugal. Falamos, obviamente de Lagos.

Assim,  as suas pequenas praias, quase que escondidas entre escarpas e grutas das mais variadas cores, são o mote perfeito para terminar esta Grande Rota Costeira.

Pelo caminho não deixes de visitar o Farol da Ponta da Piedade, a Praia do Camilo (na foto), a Praia D. Ana e a Praia da Batata.

Contudo, se tiveres mais um dia disponivel, aproveita Lagos e descobre as suas grutas através dos inumeros operadores maritimos que te oferecem as mais variadas opções desde barcos a Stand Up Paddle.

praia do camilo - trilho dos pescadores

 

E assim termina uma das mais belas Grande Rotas do nosso País.

Se o fizeres de modo autonomo, recomendamos que visites o site da Rota Vicentina, pois contém toda a informação necessária para que possas executar este trilho em segurança e, acima de tudo, com responsabilide.

Caso pretendas ter a companhia de um grupo de caminhantes, podes sempre vir connosco nesta aventura.

Podes fazer apenas de Sines a Aljezur ou de Aljezur a Lagos.

 

Temos a certeza que não te vais arrepender!

 

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